OBGESTOS 1,99

Inventivo, lúdico e provocativo, o espetáculo Obgestos 1,99 marca vinte anos de experimentações da Cia. Mariza Basso Formas Animadas na arte da manipulação de bonecos e objetos trazendo novos aliados: os divertidos e inspiradores clowns.

Faz Tudo e Chefe, respectivamente encenados por Victor Deluzzi e Mariza Basso, são os faxineiros que chegam para mais um dia de trabalho numa loja de variedades. Em destaque no cenário, uma estante com objetos domésticos, um robusto relógio e sirenes que ditam as regras. A relação dos dois personagens no começo do expediente é hostil. Entre vassouras, baldes e bacias, instala-se um clima de competividade, cheio de ironia e humor, numa disputa pelo lugar de funcionário do mês. Faz Tudo subverte a ordem da rotina opressiva de quem ouve todos os dias o crá-crá do cartão de ponto, nos convidando a ver além da função original dos objetos, manipulados com graça e magia. No meio da faxina, vida e movimento brotam na Dama Vassoura, espanadores são transformados em cabelos esvoaçantes de uma linda bailarina, cães adestrados nascem de tapetes. E os clowns escapam da realidade – e se divertem.

As cenas acontecem num universo poético não verbal em que tudo é revelado pela expressão dos artistas e pelo trabalho de sonorização.

A cultura da guerra e da paz é a temática central, e os gestos encenados pelos faxineiros e seus personagens animados dão conta de divertir e emocionar o público de forma acessível e generosa.

Depois de passar por um grande conflito, já cansado, Faz Tudo descobre som de teclas de piano em uma tábua de passar. Chefe entra na brincadeira e dá vida a um astro musical, que embala a cena final e abre os caminhos para relações mais sensíveis e colaborativas. Eles aprendem que a arte nos faz melhores e mais humanos.

Assim, em Obgestos 1,99, a Cia. Mariza Basso questiona e explora a “utilidade” dos utilitários e convida o público a lançar um olhar inventivo para objetos do cotidiano, sempre criando a partir do simples – talvez por isso, suas obras tenham se tornado uma ferramenta para educadores e artistas. A linguagem da companhia chama atenção pela capacidade de propor observações de coisas cotidianas. E de alimentar a criatividade e as descobertas.

(Nane de Sousa – jornalista)

Concepção e direção de Mariza Basso; colaboração na direção de atores de Marcio Pimentel; no elenco estão Mariza Basso e Victor Deluzzi; trilha sonora autoral de Nél Marques e Amauri Muniz; músicas incidentais “Para Ray” e Para John” de Josiel Rusmont.

 

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